segunda-feira, 12 de abril de 2010

Crack: Pensar e agir - Publicado em ZH, 31/03/2010

Domingo passado (28/03/2010), o Fantástico exibiu uma matéria sobre o crack em Brasília. Pessoas fumando livremente, à luz do dia, em praças a cerca de 2 km da Esplanada dos Ministérios. Em pleno centro do poder no país, a droga consome seres humanos, às vistas de quem estiver passando por perto, sem que nenhuma autoridade tome providências.


A declaração de uma psiquiatra que trata dependentes dá o que pensar: as pessoas se unem contra a dengue, contra a gripe, mas não se unem contra o crack. E, o pior, a idade dos viciados é cada vez menor, são crianças de sete, oito anos de idade que já não vivem sem a droga.

Hoje, o crack é um problema que atinge todos os estratos sociais. Transforma crianças e adultos em farrapos humanos. É necessário pensar sobre o que está acontecendo. Por que o consumo está se expandindo tão velozmente? Por que deixamos que as crianças freqüentem as ruas, como se isso fosse normal? Por que permitimos que usem drogas?

Essas podem ser questões para estimular a reflexão. Suas respostas não são fáceis. Passam por exclusão social, má distribuição de renda, deterioração da família e a supremacia do individualismo. A epidemia do crack é o reflexo de uma série de problemas estruturais em nossa sociedade. Faz parte também da dificuldade de ver o problema do outro, de preocupar-se com o que atinge o outro. É a nossa dificuldade de irmos além de nós mesmos que nos impede do engajamento contra um problema tão complexo.

Entretanto, é preciso agir. As autoridades dizem que a situação está perto de sair de controle. Mas é necessário esperar que saia de controle para começar a resolvê-la? É preciso esperar que alguém conhecido se vicie para tomarmos providências?

Dessa forma, a campanha da RBS é louvável, exemplo para Brasília e para todo o país. Na luta contra essa droga tão avassaladora, valem todos os esforços. Só uma ação conjunta entre poder público e sociedade civil poderá amenizar o problema. Não esquecendo que o crack não é a única droga a ser combatida. O cigarro e o álcool são conhecidas portas de entrada para o mundo com poucas saídas do crack.

Nesta luta tão difícil, contra um inimigo tão poderoso como o crack, é preciso sim pensar, no sentido que nos indique a melhor maneira de agir. Antes que a droga agarre a garganta da próxima vítima e diga: você é meu.

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