sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Temporais: mudanças climáticas

Temporais no RS: reflexo das mudanças climáticas


Artigo meu publicado no Jornal VS, São Leopoldo, em 11/12/2009


     O Rio Grande do Sul sofreu fortes temporais, nas últimas semanas, que provocaram morte de pessoas, queda de árvores, destelhamento em casas e outras perdas materiais. Cidades ficaram sem luz e água, em consequência da derrubada de postes e linhas de transmissão por rajadas de vento de cerca de 120 km/h. Mais de 150 municípios decretaram situação de emergência.
   Essas tempestades, muito semelhantes aos eventos ocorridos no ano passado em SC, podem ser feitos das mudanças climáticas, provocadas pela ação humana. A região Sul do país tem sido alvo de intempéries causadoras de enormes prejuízos, e isso pode não ser mera coincidência.
     Agentes privados, interessados em benefício econômico, há muito tempo devastam a Mata Atlântica, derrubam matas ciliares, despejam resíduos industriais altamente tóxicos nos rios e lagoas e, mais recentemente, plantam eucaliptos em áreas ameaçadas do bioma Pampa, afetando sua biodiversidade. O resultado de toda essa devastação é o desequilíbrio ecológico, capaz de causar desastres como os que têm ocorrido nos estados do Sul.
     O anúncio da ajuda do Governo Federal para o RS é bem-vindo, entretanto, caberia refletir sobre a necessidade de dinheiro público para sanar os prejuízos privados. A preservação do meio ambiente não seria muito mais econômica para a sociedade? Por que continuamos reproduzindo nossos erros, e não corrigimos a raiz dos problemas? A confusão público-privado permeia também nossa relação com a natureza. Os recursos naturais são usufruídos como se fossem propriedades privadas, e não um bem coletivo. Essa percepção contribui para os eventos climáticos a que assistimos, indefesos, nos últimos dias. Se permanecermos tratando a natureza como algo estranho a nós, do qual só extraímos benefícios sem a devida reposição, estaremos contribuindo para novos temporais; conseqüentemente, mais dinheiro público terá que ser gasto para cobrir os prejuízos.
      Esses acontecimentos, além de prejuízos aos cidadãos, que perdem suas casas, móveis, e ficam sem água e luz, causam também problemas nas lavouras, atingindo a produção agrícola. Se as previsões do IPCC forem confirmadas, haverá necessidade do plantio de sementes modificadas, que se adaptem às mudanças climáticas. É um círculo vicioso, que tem assolado o estado gaúcho, intercalando estiagens e temporais, do qual se escaparia com um forte investimento na recuperação de nossos rios e florestas.
     O desequilíbrio climático poderia ser amenizado, se colocássemos a tecnologia a serviço da natureza: reflorestamento, energias renováveis e redução de emissões, são apenas alguns exemplos viáveis. O retorno do investimento, neste sentido, será nobre: o nosso próprio futuro.

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