O Atlas da carne é uma publicação da Fundação Heinrich Böll, que divulga um estudo aprofundado das consequências da produção e do consumo de carne em todo o planeta.
Os ambientalistas alemães alertam que o aumento mundial do consumo de carne contribui para a destruição do meio ambiente e prejudica a população mais pobre. A publicação aponta que, enquanto na Europa e nos Estados Unidos o consumo de carne vem estagnando, nos países emergentes ele aumenta – impulsionado sobretudo pela crescente classe média.
No Brasil e na África do Sul − integrantes dos chamados países Brics, juntamente com Rússia, Índia e China −, a demanda deve subir em ritmo constante.
Para poder saciar a demanda e alimentar os animais, só a produção de soja teria que ser quase duplicada, passando dos atuais 260 milhões de toneladas para 515 milhões de toneladas. Esse desenvolvimento pode acarretar um aumento do desmatamento de florestas para ampliação de espaços destinados a pecuária ou a monoculturas de grãos para produção de ração animal.
As consequências são, de acordo com os autores do estudo, uma produção de carne em grande escala que provoca, cada vez mais, efeitos colaterais indesejados, como uso abusivo de antibióticos e de hormônios de crescimento. O texto também alerta para um crescente uso de terras aráveis para a produção de ração animal, o que reduziria as áreas destinadas à plantação de alimentos, causando, consequentemente, um aumento do preço de produtos da cesta básica.
São citadas ameaças para o solo, para os lençóis freáticos e o aumento da contaminação ambiental através de pesticidas. Além disso, a publicação prevê o aumento dos preços dos alimentos básicos, devido à diminuição das áreas cultiváveis para comida destinada ao consumo humano.
Há, ainda, os riscos para a saúde humana, já que os animais se alimentam, em grande parte, de soja transgênica, na qual é aplicado o herbicida glifosato. Quando comemos a carne, ingerimos traços desse agrotóxico, além dos antibióticos e medicamentos consumidos pelo gado.
Para os pesquisadores, é possível reverter o quadro, começando por uma diminuição no consumo de carne. Conhecer o processo que envolve a produção é fundamental, por isso o estudo pretende contribuir para uma conscientização capaz de promover mudanças.
Uma versão do texto, em Espanhol, pode ser visualizada AQUI.
Boa leitura!
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