Presidente da
biblioteca de Harvard fala sobre arquivos, o futuro da escrita e dos livros na
era digital.
Excelente
programa, em que Darnton pode falar de sua experiência com arquivos, história
do século XIX e do tempo presente, e também sobre a revolução digital. É
tocante quando ele narra a emoção do contato com documentos inéditos num
arquivo. A espera de uma caixa, a abertura do lacre, os instantes que envolvem
o mistério do passado que o historiador está prestes a desvendar. Só sabe do
que ele está falando quem já passou por esse momento, e sabe o quanto é
incrível e emocionante.
Também
importante a comparação que Darnton faz do documento escrito e do conteúdo do
mundo virtual. Ambos não são excludentes, mas sim complementares. O mais
importante, é que os estudantes de história não abandonem os arquivos. Aos
professores, cabe estimular a experiência de diversas formas, promovendo o
contato dos estudantes com os diferentes tipos de documento. A internet jamais
substituirá o manuseio do papel, o cheiro dos vestígios do passado, a emoção da
descoberta. Mas pode ajudar a complementar a experiência, e isso é muito bom.
Basta conjugar as duas "fontes" de pesquisa.
A preocupação
com a escrita foi outro ponto importante da fala de Darnton, muitas vezes, um
dilema para os profissionais da história. Concordo totalmente com ele, devemos
escrever, reescrever quantas vezes for necessário, em busca da linguagem mais
clara possível. Temos que pensar para quem estamos escrevendo, e se há sentido
mesmo em escrever somente para os pares, sem se preocupar com o público mais
amplo.
Penso que todas
essas questões deveriam ser mais debatidas, desde a graduação, nos cursos de
história. Quanto mais debate, melhor fica a história, e ganhamos todos nós,
historiadores e público em geral, no conhecimento do passado do nosso país, das
múltiplas diversidades e identidades que o construíram ao longo do tempo. As
continuidades e rupturas dos processos históricos fazem parte do que somos
hoje. Vale muito a pena assistir o programa, como um ótimo ponto de partida
para importantes reflexões.
Elenita Malta Pereira
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