Nos anos 1970 a 1990, envenenamentos por agrotóxicos eram manchetes frequentes nos jornais brasileiros. No RS, ocupou páginas e páginas dos periódicos locais, e havia uma certa crítica a seu uso. O ecologista José Lutzenberger foi um dos maiores inimigos dos fabricantes de venenos para a agricultura, que as indústrias chamavam de "defensivos agrícolas"... Como se eles defendessem alguma coisa...
Hoje, infelizmente, não há crítica ao absurdo dos agrotóxicos, que ainda são aplicados em larga escala na agricultura brasileira.
Pesquisa recente sobre o assunto é alarmante: vários alimentos estão recebendo agrotóxico demais. Além dessa conclusão altamente preocupante, devemos preocupar-nos com o enfoque do estudo: o uso em demasia de agrotóxicos e não o uso em si. Ou seja, admite-se a dose diária de veneno, desde que não nos mate rapidamente...
Abaixo notícia da Eco Agência
07 de Dezembro de 2011
A Agência Nacional
de Vigilância Sanitária (Anvisa) acaba de divulgar seu último estudo sobre
contaminação de alimentos por agrotóxicos, baseado em pesquisa feita durante
2010. O trabalho envolveu amostras de 18 alimentos em todos os estados da
federação, com exceção de São Paulo, que se recusou a participar. De um
total de 2.488 amostras coletadas, 28% foram consideradas insatisfatórias.
Entenda o
resultado através das tabelas abaixo. A Anvisa classifica as amostras
problemáticas de alimentos em 3 categorias:
·
Na coluna 1 (% que
usa o agrotóxico errado) aponta o número de amostras e seu percentual relativo
àqueles alimentos que foram tratados com substâncias indevidas, isto é, que não
deveriam ser usadas na sua cultura
· A coluna 2 (% que
usa agrotóxico acima do nível permitido) mostra o número e o percentual de
amostras que usaram agrotóxico demais, embora do tipo permitido para essa
cultura
· A coluna 3 mostra
a interseção das duas primeiras, isto é, o número de amostras e percentual de
alimentos que usaram agrotóxico do tipo errado e em quantidade excessiva
Por fim a última
coluna dá um resultado geral. Mostra a soma das 3 colunas, indicando a chance
de um dos alimentos estudados ter um dos problemas acima. Como se vê na tabela
abaixo, no caso do pimentão essa chance é de 91,8%, para o morango é de 63,4%,
e, para o pepino, de 57,4%, só para ficar nos três primeiros.
A coisa fica
melhor quando olhamos apenas para a contaminação excessiva, na tabela a seguir,
que mostra níveis de contaminação das amostras abaixo de 10%. Nessa lista, o
campeão foi o abacaxi, com 8,2%.
De acordo com
matéria de Vanessa Correa, publicada hoje na Folha de São Paulo, apesar de
grande produtor, o estado de São Paulo foi o único a não participar dessa
pesquisa nacional. A ausência foi explicada pelas autoridades locais pelo fato
de São Paulo fazer seu próprio levantamento. Mas, continua a Folha, São Paulo
acompanha apenas 3 produtos, arroz, feijão e laranja. É mesmo duro de engolir
pois o estado é grande produtor de morango, por exemplo.
O estudo apresenta
resultados ruins como os do ano passado e indica que o Brasil
ainda tem chão pela frente até construir uma fiscalização que garanta alimentos
mais seguros. Nessa lista, pepino e abacaxi, além de alimentos, também carregam
seu significado metafórico: são um problemão.
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